segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Entrevista de Kristen e Stephenie Meyer

Confira a baixo uma entrevista com Kristen Stewart e Stephenie Meyer, autora dos livros da Saga crepúsculo.


Mesmo depois de todo esse tempo, a autora Stephenie Meyer, mãe de três que se tornou uma sensação literária da noite pro dia com a publicação de seu romance Crepúsculo em 2005, não consegue explicar o fenômeno que cerca o romance entre o vampiro Edward Cullen e a adolescente humana Bella Swan, personagens interpretados por Robert Pattinson e Kristen Stewart.

“Eu não sei o que faz as pessoas amarem isso, eu não sei o que faz as pessoas odiarem isso”, disse Meyer, sentada confortavelmente em uma suíte de um hotel em Beverly Hills. “Mas eu sei que a sensação de estar apaixonado é boa. Nós queremos nos sentir assim”.

“Eu sempre disse isso”, Stewart falou à Meyer, sentada ao seu lado. “É tão vicária. Não é como se você estivesse vendo duas pessoas ou lendo-as. Você sente como se você estivesse fazendo isso. É raro”.

Não há dúvida de que Crepúsculo é uma jóia rara: um livro e um filme que atinge uma quantidade inextinguível entre sua base de fãs femininas. Isso foi de um tamanho tão grande que os Twi-hards, como são chamados, ajudaram a transformar o conto sobrenatural de Meyer em um negócio de 2.5 bilhões de dólares, provando que contos centrados em garotas podem ser uma força poderosa nas bilheterias.

Com o quinto e ultimo filme, a Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2, por causa da chegada nos cinemas na sexta-feira, parece Meyer e Stewart que dividem um vínculo da conexão entre os dois protagonistas de Meyer.

A sua proximidade deriva de um objetivo em comum, que é se assegurarem de que o material melodramático fique intacto conforme é traduzido para as telonas. Isso precisou que elas batalhassem contra os executivos do estúdio, que queriam que a interpretação de Stewart de Bella fosse menos torturada, detratores endurecidos que se uniram contra as linhas exageradas da história e da cultura pop que muitas vezes transformou a franquia em sua própria linha de chegada.

Meyer foi de dona de casa do Arizona à autora de best-seller quando ela se encontrou com Kristen pela primeira vez, que, na época, era uma atriz construindo sua carreira através de filmes indies. Nos anos de entrevistas, a influência de Meyer como autora se tornou comparável a de J.K Rowling ou Suzanne Collins, apesar de que os críticos nunca responderam a sua escrita do mesmo jeito entusiasmado que os fãs.

Stewart, entretanto, tem atraído vários elogios, se não em avaliações de Crepúsculo, então em filmes desafiadores tipo Into The Wild, de Sean Penn, ou a adaptação de Walter Salles do clássico On The Road, da geração Beat. Ela também aturou os tablóides graças ao seu relacionamento com seu co-star Pattinson.

Alcançar o final da saga foi gratificante para a atriz, que pareceu feliz por ser capaz de levar Bella para a conclusão feliz – se não complicada – de sua jornada e passar para a próxima fase de sua carreira.

“Eu estou pronta para acabar isso”, disse Stewart.

Uma Bella mudada.

Dirigido como seu antecessor pelo vencedor do Oscar, Bill Condon, a Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 começa com Bella Swan sendo uma vampira recém-nascida e uma mãe de uma filha metade-humana, Renesmee, que ameaça uma guerra entre várias tribos de vampiros ao redor do globo. A classe dominante na Itália, os Volturi, assumem que Bella e Edward transformaram uma criança humana em vampira, uma coisa que é proibido, e juntam forças para acabar com o Clã inteiro dos Cullen.

A história deu à Stewart a oportunidade de trazer uma nova dimensão à sua personagem, que sempre se considerou comum e desajeitada, e com seus poderes sobrenaturais, ela pode ser graciosa e bonita, rápida e letal.

“Eu a interpretei como humana por tanto tempo, então o encando de sua nova versão fez muito sentido pra mim”, disse Kristen, com suas longas pernas dobradas sobre o sofá. “Tudo encaixa perfeitamente que eu estava muito ansiosa pra fazer isso”.

Meyer se lembra de estar na frente do monitor no set do filme enquanto Kristen gravava sua primeira cena como vampira, antecipando o resultado nervosamente.
“Nós estávamos dançando perto dos monitores – ‘olhe ela ir’”, Meyer disse enquanto Stewart fingiu sair do cômodo, não querendo ouvir os elogios. “Foi um grande peso retirado. Não era um personagem diferente. Era a Bella, mas uma Bella totalmente diferente. Foi muito emocionante”.

As suas novas habilidades também podem ajudar a destruir a imagem de que Bella é uma personagem muito passiva, uma garota que depende do namorado como fonte de felicidade – apesar de Meyer e Stewart rejeitarem essa visão.

Inverta os papéis. Se Bella fosse uma vampira e Edward fosse o humano e você não mudasse nada, apenas o sexo, toda essa crítica não ia existir”, disse Stewart. “Seria ‘wow, ele acabou de colocar tudo na linha pra ela. É tão incrível e deve precisar de muita força pra submeter-se a isso’. Além do mais, o relacionamento é totalmente igual”.
“Ela consegue o que ela quer”, Meyer acrescentou.

“E mais, ela é a que mantém o ônibus indo o tempo inteiro”, Stewart continuou. “Se dependesse de Edward, eles teriam acabado no primeiro filme”.

O romance de mais de 700 páginas, Amanhecer, foi lançado não muito após a adaptação de Crepúsculo da diretora Catherine Hardwicke que foi aos cinemas em 2008. O livro foi recebido com controvérsias mesmo entre os fãs leais de Meyer. O nascimento de Renesmee é uma sequência horripilante – uma que Condon teve que adaptar para ser classificado para menores de 13 anos – e uns reclamaram da escolha de Bella de carregar a criança apesar do risco óbvio de sua saúde.

Há também reclamações sobre o final que pareceu muito suave, decepcionante.

“Eu tive muitas preocupações sobre transformar Amanhecer em um filme”, disse Meyer, que tem a aprovação final sobre os roteiros dos filmes da saga. “Tiveram muitas coisas que eles queriam mudar. Tiveram alguns problemas sérios”.

A fidelidade ao material de origem de coisas tipo
Crepúsculo é sempre uma preocupação – se desfiar muito dos livros e fãs, até aqueles que não adoraram as páginas desde o começo, vai gritar falta. Mas foi a Meyer e a roteirista Melissa Rosenberg que escreveram os cinco roteiros dos filmes, que inventaram um novo final durante um jantar em Vancouver enquanto o segundo filme, Lua Nova, estava sendo filmado.

É claro que nem Meyer ou Stewart vão revelar a conclusão final, mas Meyer acredita que é uma solução que os fãs vão gostar. Ela e sua estrela são um pouco menos reservadas em sua exaltação sobre o truque usado para Renesmee, que nos livros nasce do tamanho de um bebê normal, mas devido aos seus pais, tem um crescimento acelerado (a personagem é interpretada pela atriz de 12 anos, Mackenzie Foy).

Inicialmente, pediram para Stewart segurar um bebê robô ao invés de um de verdae, mas essa abordagem não deu muito certo.

“Foi a coisa mais horripilante e horrível que você já viu – e era mecânica”, disse Meyer, rindo. “Arrancamos suas bochechas e cabelos. Nós refilmamos a coisa toda. Acabamos não usando nada disso, mas a boneca era tão assustadora! Quero dizer, ela ganha vida e mata pessoas”.

“Eles deveriam ter tido um bebê de verdade”, Stewart disse. “Eu realmente senti falta de ter um bebê. Aquelas eram as cenas que eu estava mais ansiosa pra filmar e eu tinha essa coisa. Foi muito desanimador”.

Ao invés disso, os produtores usaram algumas técnicas que David Fincher e seu time exploraram para O Curioso Caso de Benjamin Button, projetando o rosto de Foy em garotas mais velhas e mais novas, assim como dizia o roteiro.

Stewart e Meyer estão prontas para o fim de Crepúsculo. Seus anos de domínio na cultura pop tomaram um pedágio nas mulheres, Stewart particularmente, que parece estar conformada com os holofotes, mas não mais confortável com eles.

As duas discutiram o desejo do público em colocar celebridades em um pedestal para simplesmente derrubá-las e a realidade das notícias 24 horas circularem como o mecanismo que destruíram o mistério da estrela de cinema.
Stewart comparou o frenesi da necessidade de saber ao público querer outro filme, um mostrado nas revistas, outro na rádio e na televisão baseado na vida real dos atores. As coisas ficaram bem pessoais para Kristen no verão passado quando sairam fotos dela aparentemente traindo seu namorado, Robert Pattinson, com Rupert Sanders, diretor de Branca de Neve e o Caçador.

“As pessoas vão apenas escrever o filme da sua vida e consumi-lo do jeito que elas quiserem. Eu tenho a inclinação de ser entretida por isso também, então vai nessa. Tenha isso. Pegue isso. Pegue isso”, Stewart disse, tirando seu suéter de caxemira. “Mas você não sabia nada do meu relacionamento antes. Você sabe de menos agora. Como você poderia?”.

Meyer se simpatiza com a situação de Kristen. Até as estrelas adolescentes chegarem, a autora, que se auto descreve como perturbada que as pessoas sentiam que conheciam antes de conhecê-la, foi aquela no olho da tempestade.

Para Meyer, a vida depois de Crepúsculo vai envolver mais filmes – Open Road vai lançar a adaptação de Andrew Niccol de seu outro romance, The Host em março, e ela produziu seu próprio filme indie, Austenland, baseado no romance de sua amiga Shannon Hale.

Stewart está seguinto em frente também. Ela acaba de assinar um contrato para se juntar a Ben Affleck no fime Focus, no qual ela vai interpretar uma mulher que se apaixona por um veterano vigarista.

Meyer disse que novos contos do universo de Crepúsculo continuam a ressoar em sua cabeça, mas ela não tem certeza se está disposta a escrevê-los e reacender a tempestade de fogo de publicidade e atenção.

“As histórias estão lá. Eu só não tenho certeza se quero entrar no furacão outra vez”, Meyer diz. “Talvez quando eu estiver morrendo, vou reunir todos e dizer a eles o que acontece: quem morre, quem vira um vilão. E então eu vou respirar pela ultima vez e vai estar acabado”.

“Que ótimo jeito de acabar”, Stewart adiciona.

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