sábado, 21 de abril de 2012

ATUALIZADO: Walter Salles fala sobre OTR, Kristen, disputa pela Palma de Ouro na Globo e Folha de São Paulo


Walter Salles no set de filmes de ‘On the road’
Foto: Divulgação
Salles juntou-se a esse desafio há oito anos. O diretor rodou os EUA, refazendo a viagem dos personagens Sal Paradise e Dean Moriarty, e entrevistou sobreviventes e admiradores do livro — o material dará origem a um documentário.

O que “Na estrada” representa para sua carreira?
“On the road” é um amor de juventude. Eu tinha 18 anos e me apaixonei pela liberdade radical dos personagens de Kerouac, pela narrativa ritmada pelo jazz, pela forma como o sexo e as drogas são tratados à flor da pele, pela estrada como busca não só do outro, mas de si mesmo. O livro era diferente de tudo o que vivíamos no Brasil dos anos 1970 e do mundo em que eu vivia. Houve um antes e depois dessa experiência. O filme é o resultado de uma obsessão que começou nessa época. 

Em “Na estrada”, você teve à sua disposição um elenco de jovens estrelas americanas, algumas, como Kristen Stewart, com uma base de fãs gigantesca. Certamente isso vai expandir o público do filme. Como você acha que a história será recebida pelos jovens de hoje?


“On the road” fala dos desejos de juventude, da necessidade de se experimentar as coisas na pele e não por procuração, da importância de se viver cada instante como se fosse o último, do primado da intuição sobre a razão. O livro propõe uma espécie de ressensibilização dos corpos e das mentes. Será que isso toca as pessoas hoje? Espero que sim. Ao mesmo tempo, é bom lembrar que o público que os atores atraem para certos filmes não se transfere necessariamente para outros.


Para ler a entrevista completa, clique aqui.


No instante em que “Na Estrada”, adaptação da obra de Jack Kerouac pelas mãos do brasileiro Walter Salles, estrear no 65º Festival de Cannes, uma jornada de mais de 30 anos estará concluída.

O caminho que ontem deu na seleção oficial do evento (de 16 a 27/5) começou em 1979, quando Francis Ford Coppola comprou os direitos para cinema. Desde então, o cineasta tentava levar o texto às telas. Mas o projeto só tomou forma quando Salles subiu a bordo, em 2004.

A reportagem é de Rodrigo Salem, publicada na edição desta sexta-feira (20) da Folha. A íntegra do texto está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.

“Alguém da produtora dele viu ’Diários de Motocicleta’ e nos encontramos para falar de ‘On the Road’”, lembra Salles, 56. “O livro tinha me impactado, aos 18 anos. Fiquei marcado pela liberdade radical dos personagens. Era o oposto do que vivíamos no Brasildos anos 1970.”

“As dificuldades que encontramos foram sobretudo ligadas à complexidade do projeto e à necessidade de fazer o filme com um orçamento apertado [de US$ 25 milhões]. Mas os limites funcionaram a favor do longa.”

Outros pontos ajudaram a produção, como a paixão dos atores pela obra original. Caso de Kristen Stewart, que vive Marylou. “‘On the Road’ era um dos livro de cabeceira dela”, diz Salles, que dirigiu a estrela de “Crepúsculo” sem problemas, mesmo nas cenas de nudez total.

“Há uma qualidade libertária em Marylou, um desejo de experimentação, que Kristen conhecia bem.” Sam Riley, que faz o alter ego de Kerouac, Sal Paradise, e Garrett Hedlund (o amigo Dean Moriarty), embarcaram logo depois. Mas quem impressionou foi Viggo Mortensen, no papel de William Burroughs. “Ele chegou pronto no set, com a roupa do personagem, a máquina de escrever e o revólver que ele usava em 1949. Foi uma transformação impressionante.”

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