segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Entrevista de Kristen para o "The Age" - Austrália



Na Estrada foi o livro que pegou Kristen Stewart pela leitura. Agora o seu papel no filme trás um novo realismo.

Kristen Stewart não tinha lido Crepúsculo de Stephenie Meyer, quando o papel de Bella Swan lhe foi oferecido. Ela estava mais interessada no clássico Beat de Jack Kerouac de 1957, Na Estrada. Ela poderia se relacionar com esse senso de ousadia.

“É raro encontrar personagens de ficção que vivem tanto, que respiram muito”, diz a inteligente afiada de 22 anos. “Eu pensei, ‘Eu tenho que encontrar pessoas como estas, pessoas que me impulsionem e partilhem de minhas ambições’. Não é que eu seja pouco convencional, mas eu tenho limites e fronteiras um pouco diferentes do que a maioria das pessoas, e o livro diz que está tudo certo. O livro celebra isso. Eu dormi com Na Estrada no meu painel quando tirei minha licença. Foi o primeiro livro que me levou a ler”.

A prosa selvagem de Kerouac – que criou personagens ‘pra frente’ que abraçam drogas, álcool e sexo experimental, enquanto viajam nos Estados Unidos entre 1947 e 1951 – tinha sido considerado ‘infilmável’. Logo após a publicação do romance, Kerouac escreveu pra Marlon Brando esperando que a estrela fizesse Dean Moriarty (baseado no amigo de Kerouac, Neal Cassady), enquanto Kerouac faria Sal Paradise – baseado em si mesmo.

Francis Ford Coppola também tentou fazer o filme depois de comprar os direitos em 1979. No entanto, não foi feito até que Walter Salles, de O Diário de Motocicleta, assumiu a versão cinematográfica, e finalmente seguiu em frente.

No tempo que Stewart estava em seu papel revelação no filme de Sean Penn, Na Natureza Selvagem , Penn e o diretor de Babel Alejandro Gonzalez Inarritu, sugeriram ela para Salles, no papel de esposa de Dean, Marylou (baseado na primeira esposa de Cassidy, Luanne Henderson). O par casou quando Luanne tinha 15 anos , e enquanto eles se divorciaram e ele teve filhos com sua segunda esposa Carolyn (interpretada por Kirsten Dunst), Cassady continuou indo pela estrada com Luanne e eles permaneceram perto um do outro até a morte dele.

No momento em que Na Estrada entrou em produção, Stewart tornou-se um nome familiar e fez questão que as mulheres na história tivessem mais destaque. Ela ressalta que o livro original de Kerouac com nomes de pessoas reais (ele foi forçado a mudá-los bem como partes da história, para publicá-lo) estava muito mais perto da verdade, principalmente em termos das mulheres, e principalmente de Luanne.

“É engraçado porque no romance dá muita a impressão de que Luanne é apenas um brinquedo, que ela apenas f*** e não está recebendo muito em troca”, diz Stewart. “[Mas] ela apenas gosta de amar e é capaz de equilibrar todos os seus desejos, enquanto que os rapazes têm muito mais dificuldade em fazê-lo. Eu acho que ela [tinha] este ponto de vista bonito e único do mundo e estava muito à frente do seu tempo”.

“Depois disso, o sucesso do livro definitivamente se tornou em algo que muitas pessoas aproveitaram… Para Luanne isso era apenas tão pessoal. Nunca foi algo que ela queria que se transformasse em mercadoria ou algo que ela queria continuar. Foi apenas uma fase da sua vida”.

“Ela sempre disse que era tão engraçado para ela que as pessoas pensassem que ela era corajosa. Isso era diferente de todos, mas não, o Luanne não estava se rebelando contra qualquer coisa. Ela estava apenas descaradamente sendo ela mesma”.

Embora que, o sem medo de ser ela mesma, seja algo que a mídia espere da tímida Stewart-“Eu acho que é tão ridículo quando atores de repente se acham tão interessantes que estão dispostos a se vender” – ela admite ter mais em comum com o narrador do livro, Sal.

“Como Luanne, eu estava um pouco preocupada que eu não fosse capaz de perder o controle, que eu fosse ser capaz de me deixar levar. Felizmente eu fui, mas eu não acho que você possa dizer que rapidamente seja uma pessoa diferente”.

“Atores interpretam personagens… mas eu realmente acho você está apenas, meio que, desencadeando qualidades que estão enterradas bem no fundo”.

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