domingo, 3 de junho de 2012

Critica Positiva: Branca de Neve e o Caçador pelo Judão


Não é preciso mais do que um teaser-trailer de Branca de Neve e o Caçador pra perceber que esse não é aquele conto de fadas com o qual estamos mais do que acostumados. Aquela coisa colorida, bonitinha, essedoiscoraçãozinho com a qual eu, você, nossos pais e, se bobear, nossos avós crescemos. Não falo só sobre a animação / obra de arte de Walt Disney, ou naquela série de livros quadrados e coloridos que tinham uma fita cassete acompanhando; se você se lembrar daquela série live-action da TV Cultura, peças infantis, ou mesmo Chapolin, vai ter Branca de Neve e os Sete Anões bonitinho, engraçadinho, lição de moral, príncipe encantado.
Ok, talvez na versão do Chapolin a gente só absorva o Tchurim tchurim frum frai, mas você entendeu. :D
Isso não significa, porém, que o filme não seja um conto de fadas. Até porque, quando os Irmãos Grimm contaram a história dessa princesa alemã, eles nem sequer pensaram nessa coisa bonitinha. Nessa releitura da história, o diretor estreante Rupert Sanders e os roteiristas Evan Daugherty (que também estreia em longa-metragem), John Lee Hancock (Um Sonho Possível) e Hossein Amini (Drive) transformaram aquela, com todo o respeito e no melhor sentido possível, pieguice em uma história crua, violenta e, atenção para as aspas, “realista”.

Com um pano de fundo “girl power”, esqueça o coitadismo, a espera pelo Príncipe Encantado — ou mesmo o PRÓPRIO príncipe, as borboletas pousando no dedo, os passarinhos azuis arrumando a cama, a cantoria. Durante as duas horas de filme, o que temos é uma história épica, com batalhas ~estilo Senhor dos Anéis~, com a perfeita “Jornada do Herói” vivida por Kristen Stewart, na pele da Branca de Neve. A atriz, que tal qual Selton Mello interpreta ela mesma interpretando Branca de Neve, por mais incrível que isso possa parecer pra quem a conhece apenas pela Saga Crepúsculo, convence bastante com essa versão da personagem — inocente, mas ciente de quem é, do que é, e onde vive.

Ela é realmente encantadora. Não tem como não ficar do seu lado, torcer por ela. <3
O ódio que a rainha Ravenna, interpretada por Charlize Theron, sente por ela é compreensível. Não, a Branca de Neve NÃO É a mulher mais bonita do reino, de onde quer que seja. Mas por todo o conjunto da obra, tanto da Branca de Neve quanto da Rainha, fazem com que o Espelho responda o contrário a partir do momento em que ela se torna maior de idade e se prepara pra escapar da Torre Norte, onde ficou presa por 13 anos. Porque, veja bem… Ela não quer simplesmente a morte da sua “rival” pra que se torne a mais bonita e fim. A Rainha, que assim como um Shang Tsung suga a “alma” das jovens meninas do reino pra que ELA se mantenha magnífica, quer o coração da menina pra poder COMER e assim se tornar imortal.

Ravenna é aquela mulher que todo mundo deveria ter medo: Linda e Louca. É um puta personagem, com uma puta interpretação.

Chris Hemsworth e aquela sua voz, quando aparecem, depois de mais de meia hora de filme, me lembraram o Thor, automaticamente. Mas aí é só ver o cara todo sujo, moreno e alcoólatra, vestido 100% do tempo pra reconhecer que ele REALMENTE tem talento. E assim como todos os outros personagens do filme, tem um bom motivo pra aceitar a designação da Rainha de ir matar aquela jovem AND, o principal, de desistir de fazê-lo.
Mais um ponto pros roteiristas e o diretor. Pra cada uma das ações dos personagens, há uma motivação.
E não só o caçador que demora pra aparecer. Os oito anões (os sete são direito da Disney) aparecem só lá pro final, primeiro como alívio cômico nos momentos que antecedem o clímax — e que talvez sejam os únicos mais “Disney” de todo o filme, ainda que muito mais emocionantes. Eles dão a liga que faltavam. Como um deles diz pro Caçador e acaba servindo pra gente: “Você tem olhos, mas ainda não consegue ver”. A gente sabia, sentia tudo, mas é só a partir dali que “ok, vamos pegar nossas espadas e seguir essa linda até o fim”.

E com essa colocação de alguns dos principais personagens da história bem mais pra frente do filme, o diretor e os roteiristas não permitiu que acontecesse nenhum tipo de romantismo, nenhum tipo de “óun”. Quando isso está prestes a acontecer ele te dá um tapa na cara e lembra do que se trata esse filme. Que sim, é um conto de fadas, mas é a história de uma menina fodida que retorna ao seu reino pra assumir o posto do seu pai, depois de “exilada”.
Não esperava nada além de mais um desses filmes focados nesses adolescentes de hoje que, com certeza, vão estar nas salas de cinema gritando, batendo palmas, chorando. Ou mesmo uma versão “Joana D’Arc” da personagem, o que não é o caso.
De verdade, Branca de Neve e o Caçador é um PUTA FILME de fantasia. Ou, pra ser mais justo, é um PUTA FILME, ponto.
O filme me surpreendeu e, o principal, me impressionou. Acho que fazia um tempo que eu não gostava de um filme desse jeito. Vale, e MUITO, ir pro cinema conferir — só tomar cuidado com os horários mais cheios pra que você não se irrite com fatores externos. ;D

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