quinta-feira, 31 de maio de 2012

IOnline: Divulgação de ‘Cosmópolis’ em Portugal

Robert Pattison, David Cronenberg e Paulo Branco acabaram de chegar de Cannes, foram ao CCB apresentar “Cosmópolis”, que estreia amanhã (em Portugal).


Para Rita Caixinha e Elisabete Cardoso, ontem o dia começou cedo. Pelas nove da manhã as duas amigas já estavam de pano estendido no chão e sentadas na entrada do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Rita veio do Estoril, uma viagem curta, apenas teve de apanhar o ônibus na linha de Cascais. Mas Elisabete mostrou uma dedicação mais viva, ao viajar a partir de Beja ao encontro de sua amiga. Os vários quilômetros de distância formam uma amizade ao primeiro instante inesperada, mas o que as une não tem fronteiras nem ideologias, é o “o homem mais bonito do mundo, Robert Pattinson!”, com exclamação, pois, depois de estar duas horas em completa ansiedade, a chegada da estrela principal do novo filme de David Cronenberg “Cosmópolis” estava quase para acontecer.
Às 11 horas e pouco, o ator ainda não tinha chegado, mas Rita e Elisabete, depois de várias horas em tensão, tiveram de fazer uma rápida escapadela: “Tivemos de ir num instante ao banheiro. E quando estávamos saindo vimos de relance que estavam chegando três carros, fomos correndo e a sair do carro estava o Robert!” A dedicação ao ator é transversal a qualquer filme. Dizem-nos “somos fãs da saga do Crepúsculo, mas o que gostamos mesmo é dele”, explica Rita. A união do realizador David Cronenberg com o ator que deu corpo ao vampiro pálido não é imediata. Ou como nos dizem as fãs, “não estava nada à espera, foi uma grande revelação”. As duas amigas iriam esperar até a pré-estréia do filme marcada para as oito horas: “Vamos tentar vê-lo outra vez”, dizem-nos triunfantes, como quem viu a Medusa e sobreviveu.

Apesar da atração ser o jovem Pattinson, a conferência de imprensa foi convocada para falar exclusivamente sobre o filme. “Cosmópolis” é um regresso de Cronenberg ao campo da ficção científica, onde num futuro próximo o bilionário Eric Parker atravessa Manhattan na sua limusine. Tal como Ulisses ao tentar regressar a casa, Eric vai sendo interpelado por diferentes personagens, susceptível a atividades tão díspares como um exame de próstata ou sessões sexuais. Cronenberg e Pattinson chegam à conferência acompanhados de Paulo Branco. Foi o produtor português que adquiriu os direitos do livro “Cosmópolis” de Don DeLillo e escolheu o realizador, apesar de Cronenberg dizer a brincar que “ele pensava que eu era o David Lynch”. Depois de ler o livro em sua casa, “passados três dias já tinha traduzido para argumento todo o diálogo”, explica o realizador. Com um financiamento de 15 milhões de euros faltava o ator principal, a blogosfera indicava Colin Farrell, mas o realizador escolheu Pattinson: “Escolhi-o porque ele era muito barato e fácil de obter (ri-se), mas na realidade quando se faz o casting começa-se sempre pelo mais básico, não é nada de muito misterioso.”

O jovem ator não estava confiante desta decisão, “tive sempre medo de ser deixado de fora na fase de produção”, dizendo ainda que “estava muito assustado, mas depois fui ao Rotten Tomatoes e tinha uma pontuação tipo 98 % e pensei ‘este filme só pode ser fantástico’”. Se para Cronenberg o desafio foi filmar quase todas as cenas na limusina, para Pattinson o mais complicado de lidar foi a linguagem estilizada de Don DeLillo. Em resposta ao i, o ator londrino indicou que “na minha experiência os argumentos não costumam ser a melhor parte”, no caso de “Cosmópolis” explica que “à primeira vez não consegui compreender exatamente do que tratava, depois vi o Don DeLillo a recitá-lo e parecia tudo mais compreensível”.

No fim da conferência os entrevistados retiram-se rapidamente, fugindo aos focos de luz das câmaras. Indiferentes aos diálogos estilizados e limusines metafísicas estavam as fãs de Pattinson, que se aglomeravam à saída, esperando um autógrafo ou uma simples troca de olhares. As duas amigas, Rita e Elisabete, afirmavam não poder falar mais, estava quase na hora do verdadeiro filme.



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