quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Crítica do filme da Liz Reaser em Sundance
Crítica de ‘Homework’ em Sundance: seu cachorro não comeria
Homework’ seria um bom filme para assistir se você estivesse muito afim de filmes indie do final dos anos 2000 e não tivesse tempo para ver tudo no menu. É como um resumo de todas as comédias de adolescente da última década em Sundance.
Adolescente precoce que vai mal na escola porque acha o material desinteressante? Sim. Chama os professores pelo primeiro nome porque é atrevido assim? Sim. Lê filosofia, vê filmes estrangeiros em cinemas alternativos, é aficionado na morte e na mortalidade? Tem um grande potencial como artista/escritor/pensador se apenas se esforçar? Se apaixona por uma colega, levando-o a uma jornada de auto-descobrimento e amadurecimento? Sim, sim, sim.
A familiriade de todos esses elementos não é o problema; é a forma sem criatividade na qual eles são juntados. ‘Homework’ é a primeira participação do escritor-diretor Gavin Wiesen, e eu acho que não tem nenhuma única ideia original ali. Nenhum diálogo inteligente, personagens interessantes nem cenários divertidos. Deveria ter um crachá marrom simples e ser chamado “filme de festival”.
É uma pena, porque tem um bom elenco. Freddie Highmore (‘Em busca da terra do nunca,’ A fantástica fábrica de chocolate’) interpreta George, um garoto de Manhattan que lê Camus e mata aula para assistir a filmes de Louis Malle. Inteligente demais para seu próprio bem, ele é obcecado com o fato de que vai morrer um dia, e então o que importa se ele faz ou não o dever de casa de trigonometria? Sua mãe (Rita Wilson) é preocupada e envolvida; seu padrasto (Sam Robards) mal é presente.
George conhece Sally (Emma Roberts), uma colega do 3º ano que também é um espírito meio livre (i.e., ela fuma). Os pais de Sally são divorciados, e sua mãe bêbada e promíscua (Elizabeth Reaser) flerta com George e dá álcool para ele. Sally e George são apenas amigos no começo, e ele é grilado com o relacionamento dela com outros caras, os garotos legais com pais ricos.
Na escola, a diretora (Blair Underwood) está no caso de George para que ele termine seu trabalho e se forme. Sua professora de inglês (Alicia Silverstone) é frustrada pela recusa de George em fazer qualquer trabalho, mas fica de boca aberta com o tanto que ele sabe sobre a literatura que eles estão estudando. Seu professor de arte (Jarlath Conroy) quer que ele se expresse nas telas. Um ex-aluno da escola, Dustin (Michael Angarano), agora um moderadamente bem sucedido artista, se torna sua especial de mentor, embora a razão por que a diretora ache que um cara folgado e frito como esse seria uma boa influência para George fica para qualquer um adivinhar.
E assim vai, desse jeito, por 84 minutos — entretenimento inofensivo e esquecível do tipo ‘Tadpole,’ ‘Adventureland,’ ‘Garden State,’ ‘Thumbsucker,’ ‘Rocket Science,’ ‘It’s Kind of a Funny Story’ e inúmeros outros, mas sem nada para distingui-lo do resto do pacote. A novidade desses personagens “alternativos” e situações “sofisticadas” já passou há muito tempo. Você não pode simplesmente jogá-los na tela e deixar as coisas rolarem. Você tem que FAZER alguma coisa com eles.
O filme é então truncado por um dispositivo de enredo que simplesmente não faz sentido nenhum: basicamente, George tem 3 semanas para fazer todo o seu dever de casa do último ano, ou ele não se forma. (Ele vai finalmente ser capaz de se comprometer com alguma coisa e enxergar além e assim crescer??) Um sub-enredo tem o padrasto de George mentindo para a família sobre sua situação financeira; essa parte entra em colapso e se torna um melodrama constrangedor e não plausível. Há algumas caras viagens de avião de última hora e outros dispositivos de comédia-romântica também, só para comparar.
Todavia, Roberts e Angarano são jovens atores promissores que fizeram coisas interessantes no passado e provavelmente farão coisas interessantes de novo. ‘Homework’ apenas os coloca andando em círculo em volta de si mesmos, esperando que algo melhor apareça.
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